A NATUREZA SEMPRE VENCE
Av. Anísio Azevedo - Treze de Julho
Se os aracajuanos têm alguma certeza é a de que certas áreas da cidade serão alagadas nos meses de chuva. Não é surpresa, por exemplo, quando o canal transborda na Avenida Anísio Azevedo. Alguns dos questionamentos que surgem são: por que existe um esgoto a céu aberto cruzando a cidade? Por que não tapam os canais e transformam em um parque linear? Uma ciclovia, talvez?
Originalmente, Aracaju é constituída por manguezais, áreas alagadiças e pantanosas. O traçado urbano da cidade, que costuma seguir o arruamento em xadrez iniciado por Pirro, não respeita corretamente as linhas naturais de drenagem. Nosso modelo de desenvolvimento é baseado em drenar e aterrar esses terrenos. Apesar dos aterros, a quantidade de chuva permanece a mesma. Por isso alguns canais naturais são preservados e outros projetados. A função dos canais é escoar as águas pluviais e evitar inundações. Ou seja, a ideia é que direcionem águas limpas das chuvas para os rios. Porém, ao longo dos anos, a população se acostumou a jogar resíduos sólidos e lançar esgoto sem tratamento nos canais através de ligações clandestinas. Anualmente, a Prefeitura de Aracaju retira cerca de 15 mil toneladas de materiais como lixo, entulho e dejetos. Com a contaminação de suas águas, os canais se transformaram em elementos nocivos para a saúde e bem-estar da comunidade em seu entorno. Além disso, com a rápida expansão imobiliária e consequente impermeabilização do solo, eles não conseguem dar conta da demanda e por isso transbordam.
Em vez de simplesmente cobrir os canais para esconder o problema, é importante entender suas origens e debater o tipo de cidade que estamos construindo. Manter as águas dos canais livres de resíduos e esgotos é essencial para o equilíbrio ambiental e o bom funcionamento de Aracaju. Assim como ampliar a rede de coleta e tratamento de esgoto, que hoje atende a cerca de 63% da população, e repensar nosso modelo de desenvolvimento urbano. Enquanto sociedade precisamos valorizar e viver em equilíbrio com os elementos naturais da nossa cidade porque, no fim das contas, a natureza sempre dá um jeito de impor seu curso natural e tomar de volta o que é seu.