
PROTAGONISTAS DO ESPAÇO URBANO
Av. José Carlos Silva - Inácio Barbosa
Por muitas décadas a construção de um viaduto foi símbolo de progresso. Comemorada pelos motoristas por ser uma forma de desafogar o trânsito, essa alegria não costuma ser compartilhada pelos pedestres e/ou moradores do entorno. A impressão que temos é que o bairro foi dividido ao meio. Enquanto os carros circulam livremente, o viaduto é uma barreira para os pedestres. Diante de sua monumentalidade nos sentimos pequenos e oprimidos. O espaço embaixo de suas vias expressas, conhecido como baixio, torna-se um não-lugar. Um espaço de circulação pelo qual temos que atravessar o mais rápido possível.
Entretanto, olhando por outra perspectiva, percebemos que as vias acima do baixio funcionam como uma ampla cobertura. Essas enormes áreas subutilizadas em regiões centrais da cidade têm o potencial de ter outros usos além da circulação. Brasil afora os viadutos estão sendo ressignificados abrigando em seus baixios áreas de lazer, sedes de escolas de samba, academias de boxe, cooperativas de reciclagem, dentre outros. A exemplo das manifestações culturais que acontecem embaixo da ponte Aracaju-Barra.
No caso do Viaduto Jornalista Carvalho Déda houveram apropriações artísticas como o Sarau Debaixo, coletivo que promovia no baixio um palco aberto para os artistas sergipanos uma vez por mês. No entanto, iniciativas como essa ainda enfrentam resistência por parte do poder público. Esta obra representa o sonho de que um dia possamos ser protagonistas do espaço urbano.